Por: Pastor Wagner L. Amaral
(Mensagem ministrada por AMARAL, L. W. na 18ª Conferência de Aniversário da Mocidade Batista Regular Monte Sião - MIBREMS, Manaus-AM, no período de 25 a 27 de novembro de 2011.)
Você vai querer fugir (eu sei
que vai). Se, não por você mesmo, você será tentando por uma força espiritual a
fazê-lo.
Então, resista! Não faça do
riso frouxo a sua fuga. Sabe quando alguém toca na ferida, e então rimos para
disfarçar; falamos alguma coisinha; mas, no fundo, talvez desejássemos corar de
vergonha. Ou, talvez, até mesmo chorar; se, exposto diante das pessoas.
Então, resista! E como
escreveu Paulo: “Renove sua mente para experimentar a boa e perfeita vontade do
Senhor”; trazendo sobre si conhecimento, maturidade e estabilidade para todas
as áreas de sua vida.
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Como pastor, sofro quando
olho para alguém e por meio de suas ações, reações, e omissões, contemplo um
coração feio; um coração endurecido; um coração que precisa de conversão.
O rosto e o corpo pode
apontar alguém como feio para mim, mas isso realmente é relativo – alguém feio
para mim pode não ser feio para você; assim como alguém bonito para mim pode
não ser bonito para você. No pior dos casos todo “feio” encontra seu par; e
mesmo feio pode ter o amor e a amizade de outros.
Mas, quando falamos de coração,
não de rosto ou de físico, mas de coração, não há relatividade – o coração feio
e endurecido identifica a pessoa como alguém difícil de assumir
relacionamentos, difícil de amar; portanto, uma pessoa difícil de querer ao
lado.
Ou essa pessoa encontrará
alguém à sua semelhança e logo entrará em conflito com ela; ou não encontrará
compatibilidade com nada, com ninguém; e o resultado é o seu isolamento,
tornando-se crítica de tudo e de todos. É triste identificar alguém assim; e é
ainda mais feio e triste quando encontramos isso no meio da igreja do Senhor.
Então, quero falar nessa
noite sobre O CONFLITO EM NOSSO CORAÇÃO.
Como igreja, vivemos
preocupados com o servir; isto é, com aquilo que fazemos. E, normalmente,
negligenciamos o fato de que todo o processo de nossa vida é dependente da
conversão ao Senhor. Este deve ser o nosso foco.
Conversão total; conversão da pessoa como um
todo; considerando aquilo que a pessoa é; aquilo que ela faz; aquilo que
possui; incluindo os seus relacionamentos. Este é o foco principal – é o
considerar a vida como um ministério; e a si próprio como um vocacionado a
viver esta vocação em sua plenitude; evitando assim a separação da vida em
compartimentos – isto é religioso; isto é profissional; isto é sentimental;
isto é social. É preciso considerar a vida como ela é, como um todo, um bloco; onde você está atado a
todas as ramificações que interagem entre si 24 horas por dia; todos os dias do
ano; e em todos os anos de sua vida; desde seu nascimento até sua morte.
Este deve ser o nosso foco –
a conversão de nosso coração. Este coração que determina o ritmo de nossa vida;
e que forma a cara do que você é – forte, bonito, bem resolvido e feliz; ou
fraco, feio, medíocre e infeliz, insatisfeito, inconstante. Eu lhe pergunto:
Qual é a cara que o seu coração te dá?
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Quero ajuda-lo a refletir
sobre isso, analisando a vida de um jovem que encontramos nas Escrituras, e que
teve um diálogo interessantíssimo com Cristo – o jovem rico (Mateus 19.16-22).
Temos dois momentos
aqui. O primeiro é quando o texto nos mostra a busca pela boa e eterna vida.
Isto se encontra logo no início quando o jovem pergunta: “Mestre, que farei de
bom, para alcançar a vida eterna?” (16).
A impressão que temos é que ele não desejava verdadeiramente a salvação; esse
não era o seu real objetivo.
Quando falamos de vida
eterna, nossa mente logo nos joga para o futuro: céu; paraíso; livramento do
inferno; relacionamento infinito com Cristo; etc. “Se você morresse hoje iria
para aonde?”; ou “o que diria a Deus para que entrasse em seu céu?”. Não é
assim que abordamos as pessoas quando falamos sobre salvação? São perguntas
comuns; pois olhamos logo para frente.
Esse jovem desejava outra
coisa. Não aquilo que está implicado em salvação, como uma vida infinita com
Cristo, visando adoração, ausência de pecados, transformação, mudança completa.
Ele tinha uma boa vida; era rico; e, apesar de jovem, era conceituado, numa
cultura que valorizava o ancião. Ele desejava o elixir da eterna juventude, a
fim de usufruir tudo o que possuía; e continuar em sua busca pela felicidade;
pois, apesar de aproveitar o que possuía algo lhe faltava.
A primeira resposta de Cristo foi: Guarde os
mandamentos (17). O que traz uma
série de implicações, como integração com o povo de Deus, portador dos
mandamentos; vivência dos princípios divinos; e consideração à tradição
religiosa recebida. É intrigante o fato de Jesus ter mencionado somente
mandamentos que lidam no aspecto horizontal; isto é, que tratam dos relacionamentos
humanos: “não matar, não adulterar, não furtar, não assumir falso
testemunho; honrar aos pais, e amar ao próximo como a si mesmo” (18-19).
Provavelmente, Cristo sabia da necessidade do jovem; e sabia aonde a conversa
chegaria.
Então, temos a primeira resposta do jovem: Já vivo.
O que ainda me falta? (20) Mais do que a afirmação de que vivia os
mandamentos; devemos atentar para a impressão de que ainda faltava algo.
Não a afirmação de que
cumpria os mandamentos; até porque, de alguma forma, a maioria de nós poderia,
mesmo que limitadamente, afirmar que vive tais mandamentos. Até pelo
entendimento que se tem de que quando afirmamos seu cumprimento consideramos
nossa imperfeição e constante luta na busca de cumpri-los.
O impressionante é sua
afirmação de que mesmo vivendo tais mandamentos algo lhe faltava. Esta sensação
é a mesma de muitos jovens cristãos. São identificados e integrados na igreja,
seguem os princípios, as regras impostas, praticam a religiosidade aprendida na
tradição denominacional; mas, ainda possuem a sensação de que algo lhe falta. O
que seria?
O jovem normalmente acha
que é a namorada (ou o namorado) ideal. O casamento; a formação adequada; a
profissão perfeita, com o emprego certo; o carro; a moto; a casa; as viagens;
as festas; o dinheiro para comprar o que desejar. Mas, descobre com o passar
dos anos que além de não satisfazer, tais coisas, ou, pelo menos, a sua busca
traz confusão.
Meu jovem o que lhe falta?
Você tem essa sensação? Você poderia responder como este jovem: Eu já faço
estas coisas; eu cumpro os mandamentos; eu honro meus pais; eu vivo isto; eu
sou crente; mas, ainda teria a impressão de que lhe falta alguma coisa?
O jovem do texto tinha
tudo isso; e, ainda, queria continuidade em sua procura, a fim de alcançar a
harmonia; a felicidade; a satisfação; enfim, encontrar aquilo que preencheria o
vazio de sua vida.
O que ainda me falta? Era
sua indagação. A segunda resposta de
Cristo foi contundente: Conversão (21). Agora sim, Cristo chega ao
ponto principal, e apesar de não alistar os mandamentos que abordam diretamente
o nosso relacionamento com Deus; ele afirma que o jovem deveria desfazer-se
daquilo que o impedia de converte-se ao Senhor. Ao contrário de seu desejo pela
continuidade da vida que possuía; o que incluía toda a sua riqueza; ele deveria
desistir de viver exatamente essa vida, trocando-a pela que Cristo tinha a lhe
oferecer.
Cristo está afirmando:
Converta-se, quebrante o seu coração (Quebrantar é falir. O oposto do que
qualquer um aqui deseja). Esta resposta de Cristo poderia ser aplicada de
diversas maneiras: Quebre a motivação pecaminosa de suas ações. Quebre a
máscara da legalidade. Quebre aquilo que o afasta da intimidade do Senhor.
Quebre a arrogância de se ver como “certo”; e os outros como “inferiores”.
Quebre a volúpia de querer ter sempre a razão, humilhando o próximo. Enfim,
assuma falência de seu próprio senhorio; reconheça que está enguiçado, e que
precisa de um novo motor, uma nova direção.
Isto nada mais é do que
conversão, que inclui arrependimento (mudança de mente) e mudança de vida, de
direção, com um convergir para Cristo. A salvação é para esta vida; o pós-morte será
somente continuidade. A salvação é para ser sentida, experimentada, vivida em
seu relacionamento com sua família; diante da internet em seu quarto; na
decisão do que fazer no final de semana; na intimidade de seu namoro; na sua
forma de estudar e produzir; no lidar com as autoridades; nas conversas com
seus colegas e amigos; nas compras que faz; e, até mesmo na igreja.
Salvação é purificação
(santificação). Ela não somente nos livra da ira que culminaria no inferno;
mas, também, tira o inferno, e todas as suas características, e influências de
dentro de nós. Limpa, purifica, faz-nos diferentes; isto é, santos à semelhança
de Deus. Muda não somente nosso destino, olhando para o final; mas, também,
nossa realidade presente e contínua. O foco não está no final; mas sim no
processo; fazendo do final apenas consequência.
O texto apresenta a segunda, e última resposta do
jovem: Não (22). Ele
respondeu. Entendeu perfeitamente o que Cristo lhe dissera; e, por isso,
respondeu com um significativo não, apesar de não abrir a boca. Não estava
disposto a converter-se. O que revela que o centro do problema encontra-se no
coração.
Então, permita-me aplicar toda esta reflexão,
considerando a realidade dos problemas e necessidades de todos nós.
O problema, seja qual for,
não está no outro, ou na igreja; pois, quando nosso coração é convertido
adoramos ao Senhor, servindo para ajudar a corrigir o que está errado; ou
reagimos com compaixão e motivação para com o que está errado e desanimado.
Aprendemos, inclusive a perdoar e a nos sentir motivados mesmo quando tudo
corre contra.
O problema, seja qual for,
não está nas condições; pois, quando nosso coração é convertido
confiamos no Senhor, e apaixonadamente nos damos a Ele e aos outros; como
Zaqueu que em meio a um diálogo com Cristo, teve iniciativa em fazer aquilo que
Cristo propusera ao jovem rico, e que foi recusado: vender o que tinha e
distribuir aos pobres. Por isso Cristo afirmou que houvera salvação em sua
casa. Zaqueu estava pronto a assumir falência, e mudar de vida.
O problema, seja qual for,
não está no tempo inapropriado; pois, quando nosso coração é convertido
adoramos em todo o tempo; afinal, sempre é tempo de amar a Deus e ao próximo
como a nós mesmos.
O problema está em
nosso coração. Para alguns, na cegueira, na ausência de entendimento;
achando que o estar na igreja e o seguir determinada tradição, cumprindo com o
ritual religioso é o suficiente para alcançar a salvação e as bênçãos do
Salvador sobre si. É o caso, talvez, de alguns de vocês; que, talvez, não
entenderam o que é converter-se a Jesus Cristo; e, então vive um cristianismo
de fachada.
Para outros, o problema
está na dureza do coração. Até entende o que Cristo revela; mas, não o quer.
Então, assume uma vida de mentira. Um crente que não quer ser discípulo; um
salvo que anseia pelo mundo; um cristão que não consegue sentir compaixão; e
que pratica tiro ao alvo, no ato de colocar a culpa nos outros, ou na igreja.
Para estes sempre faltará algo: salvação.
Se você quer ser perfeito
(fora a resposta para o jovem) converta-se da hipocrisia; da frescura; do medo;
do desejo de ser o centro do universo; da paranoia de ser vítima; e volte-se
para Deus, dedicando tudo o que é e tudo o que possui. Se, aquilo que você é
lhe atrapalha de adorar ao Senhor, você precisa abandonar a si mesmo; isto é,
precisa se quebrantar, assumir falência, para que o senhorio de Cristo se torne
uma verdade em você.
É o que Deus falou a seu
povo, através de Salomão: “Se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se
humilhar, e orar, e me buscar, e se converter dos seus maus caminhos, então, eu
ouvirei dos céus, perdoarei os seus pecados e sararei a sua vida. Estarão
abertos os meus olhos e atentos os meus ouvidos à oração que se fizer neste
lugar”.
O que lhe falta?
Converta-se.
Cristo resolve o conflito
em todo e qualquer coração. E isto começa pela salvação.
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