sábado, 25 de agosto de 2012

O homem natural e o espiritual



Na sociedade humana existem três características de homens, sendo eles: o homem natural, o homem carnal e o homem espiritual, porém abordaremos nesta breve mensagem apenas dois destes.
O homem natural é todo ser humano que é gerado no ventre materno de sua mão, e continua nesta vida enquanto viver dissoluta e desregradamente, nas paixões mundanas, preferindo viver para si mesmo a reconhecer a Jesus como Senhor e salvador de sua vida, pois “o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, e não pode entendê-las por que elas se discernem espiritualmente” (I Co. 2: 14).
Entretanto, o homem espiritual que é o aquele que vivencia o novo nascimento em Cristo Jesus, passando a não viver nas paixões do muno, mas reconhece que a sua vida foi remida pelo sangue precioso do Cordeiro, tornando-se, assim, uma nova criatura. Parafraseando I Co. 2: 14 e 15 entendemos que este novo homem não tem recebido o espírito do mundo, mas sim, o de Deus para que conheça o que por Deus foi-lhe dado gratuitamente (a salvação). O homem espiritual neste caso pode discernir todas as coisas, pois possui a mente de seu Senhor (Cristo).
Abaixo podemos apresentar, com base bíblica, algumas características do homem natural:
  • Pecador (Rm. 3: 23);
  • Separado de Deus (Is. 59: 2);
  • Inimigo de Deus (Mt. 2: 30);
  • Morto (Rm. 6: 23);
  • Filho do diabo (Jo. 8: 44);
  • Escravo do pecado (Jo. 34).

Por sua vez, o homem espiritual pode ser caracterizado como:
  • Liberto (Jo. 8: 32);
  • Filho de Deus (Jo. 1: 1-3, 11, 12);
  • Amigo de Deus ( Jo. 15: 14 e 15);
  • Herdeiro de Deus (I Pd. 1: 9);
  • Sacerdote de Deus (I Pd. 1: 9);
  • Povo de propriedade exclusiva de Deus (I Pd. 1: 9);
  • Salvo (Ef. 2: 8).

É certo que muitos de nós, vivemos outrora, uma vida natural, sem se preocupar com o dia seguinte, estando nós mortos nos nossos delitos e pecados, porém “Deus sendo rico e misericordioso nos deu vida” (Ef. 2:1), possibilitando, assim, uma nova de pureza e santidade. Vida esta que Deus preparou para que andássemos nela, pois sendo nós salvos da condenação eterna, mostrou-nos o seu grandioso amor, pois onde abundou o pecado, em nossa vida natural, superabundou a graça de Deus.
Porém ainda muitos ainda estão na mesma vida de sofrimento e pecado, sendo escravos de suas paixões carnais, preferindo esta vida natural em detrimento a uma vida renovada de paz e alegria ao lado do Senhor.
Que vida você possui, a natural, que vive segundo o curso deste mundo ou a espiritual? A escola é do caro leitor. Para concluir fechamos com a seguinte frase que o Senhor nos diz: “salvai-vos desta geração corrupta” e vivamos uma nova vida e Cristo Jesus.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Tempo para o que gostamos

Por: Pastor Wagner L. Amaral

(Mensagem ministrada em Conferência de Aniversário da Mocidade Batista Regular Monte Sião - MIBREMS, Manaus-AM, no período de 25 a 27 de novembro de 2011.)


Certa feita um grupo de seminaristas foi fazer uma prova. De uma única questão: Fale sobre Deus e sobre o diabo. Foi-lhes dado uma hora para responder.

Um deles pegou uma folha e começou a escrever sobre Deus. Dissertou sobre suas maravilhas, sua obra, seu Filho, sobre a salvação. E o fez de maneira tão apaixonada que, não atentando para o relógio, passaram-se 59 minutos.

Quando o professor alertou que faltava apenas um minuto, o jovem escreveu no rodapé da página: FIQUEI TÃO ENVOLVIDO COM DEUS, QUE NÃO TIVE TEMPO PARA SATANÁS.

Apesar de não ter cumprido o que lhe foi solicitado, sua dissertação foi considerada a melhor de todas.



VOCÊ E O TEMPO

No geral, temos tempo para aquilo que gostamos. E, quando, por alguma razão, o tempo diminui, ou desaparece, nos esforçamos para ter tempo suficiente para o que temos prazer (torneio futsal do AMDE). Perceba a diferença:

- Não vai dar para ir ao estudo dos jovens, pois chegarei do trabalho às 18h e terei de ir para o cursinho as 19:30h.

- Dá tempo de ir ao boliche! Chego às 18h e só tenho cursinho às 19:30h.

Logo, quando precisamos falar de algo com o objetivo de levar alguém a separar, buscar ou priorizar tempo para alguma coisa; é porque não é para esta pessoa algo importante, prazeroso, priorizado. E, então, é preciso desprender todo um esforço para fazê-la enxergar, entender, aceitar e buscar aquilo como importante.

Poderia completar essa reflexão, afirmando que o problema para o cristão começa quando ele assume a ideia de que é preciso separar tempo para Deus, já que tem tempo para todas as outras coisas.


Esse entendimento expressa o problema, pois, para Deus todo o tempo é tempo. Isto é, não somos exortados por ele a dividir nossa vida em compartimentos: moral, espiritual, social, profissional, sentimental, etc. Nossa vida é única. É nossa vida; e tudo o que somos e possuímos interage em nós, e nos outros.

O que eu sou se expressa em casa, na vizinhança, na igreja, no trabalho, na escola; enfim, nos relacionamentos e nas atividades. Logo, redefina sua vida para evitar esses compartimentos, e em colocar Deus como um dos compartimentos. Deus está em todos eles; e aquilo que ele espera de você, também (Colossenses 3.17, 23).

VOCÊ E O TEMPO

Efésios 5.15-17

Para ser bem sucedido há necessidade de organizar e qualificar o seu tempo.


Remir o tempo (5.15-16).  Efésios é uma carta riquíssima por mostrar a soberania de Deus através do viver de Seu povo, daqueles que foram eleitos e capacitados e vocacionados por Ele a refletir um viver santo.

Pela última vez (5.15) Paulo usa “andar” para exortar a igreja acerca do viver esperado dela. Expressão conhecida com sua raiz no AT, apontando para o viver no tempo, tratando tanto daquilo que fazemos como daquilo que deixamos de fazer.

Este andar (viver) é observado naquilo que fazemos ou deixamos de fazer, e a forma que assumimos, através do tempo. Por isso, a exortação para remir o tempo. Como podemos entender est remir o tempo?

1. Portanto, andai sabiamente, como convém a santos. Como? Remindo o tempo. Remir o tempo implica em ser sábio, o oposto de ser néscio (aquele que não sabe; que é ignorante; estúpido).

2. Remir o tempo implica em andar prudentemente. Sendo moderado, cauteloso, prevenido, discreto. Prudência é uma virtude que leva o homem a conhecer e praticar o que lhe traz vida. Remir o tempo implica em saber o que se quer, saber aonde se quer chegar.

3. Remir o tempo implica em aproveitar as oportunidades. Como?

3.1. Cumprindo com nossas obrigações organizadamente.
3.1.1. Planejando a pontualidade.
3.1.2. Planejando e executando um organograma diário.
3.1.3. Levando em conta os eventuais, os “acidentes”.

3.2. Priorizando as coisas certas:
3.2.1. Estabelecendo limites no tempo de nosso trabalho e estudos.
3.2.2. Estabelecendo momentos de comunhão com a família, amigos, irmãos.
3.2.3. Estabelecendo momentos de crescimento moral e espiritual (leitura).

3.3. Não matando o tempo, não sendo “insensato” (5.17). Literalmente, destituído de capacidade mental, desequilibrado, tolo.
3.3.1. Chegando atrasado a nossos compromissos.
3.3.2. Faltando por motivos banais, ou preguiçosos.
3.3.3. Assistindo, vendo, ouvindo, programas e pessoas carnais.
3.3.4. Deixando de ler as Escrituras.
3.3.5. Deixando de orar.

Enfim, se preparando adequadamente. Vou exemplificar isso para vocês. Você sabe quais as principais perguntas nas entrevistas dos bons empregos, hoje?

1. Fale sobre si.
2. Quais são seus objetivos em curto e em longo prazo?
3. O que o levou a enviar o seu curriculum a esta empresa?
4. Qual foi a decisão mais difícil que tomou até hoje?
5. O que procura num emprego?
6. Você é capaz de trabalhar sob pressão, e com prazos definidos?
7. Dê-nos um motivo para o escolhermos em vez dos outros candidatos.
8. O que você faz no seu tempo livre?
9. Quais são as suas maiores qualidades?
10. E pontos negativos/defeitos?
11. Que avaliação faz da sua última (ou atual) experiência profissional?
12. Até hoje, quais foram as experiências profissionais que lhe deram maior satisfação?

Veja que não são perguntas que priorizam a área técnica; mas sim, o perfil da pessoa, envolvendo seu caráter e conduta. A razão disso não é que estão procurando pessoas de valor que remiram seu tempo, sendo sábios. Isto é suficiente para indicar que tal pessoa teria futuro em qualquer empresa; afinal, a parte técnica se ensina, com curso ou pela experiência; mas a sabedoria, revelada por um caráter digno vem de uma formação que leva tempo.

Por outro lado, numa reportagem recente, foi apresentada uma lista de razões que estão levando as pessoas a serem demitidas:

1. Dificuldade no relacionamento com os colegas.
2. Insubmissão.
3. Paralisia intelectual.
4. Erros na escrita.
5. Erros na fala.

Você está preparado para enfrentar essa realidade profissional, que cada vez mais olha para o todo e não para uma vida dividida em compartimentos?

4. Remir o tempo implica em viver em conformidade com Deus (5.15-17).

Muitos vivem situações em que choram pelo tempo perdido, ou mal investido.   Choram a oportunidade de reparar os erros, até porque recebem, no tempo, aquilo que fizeram em seu tempo. Não somente colhemos os resultados da administração de nosso tempo aqui, como prestaremos contas do tempo vivido ao Senhor.


O que você tem colhido? O que colherá? Como sua família, amigos e irmãos reagirão no futuro, mediante o tempo investido para com eles? Quero concluir com um soneto que trata do tempo:

Deus pede estrita conta do meu tempo
E eu vou, do meu tempo, dar-lhe conta.
Mas, como dar, sem tempo, tanta conta.
Eu, que gastei, sem conta, tanto tempo?

Para dar minha conta feita a tempo,
O tempo me foi dado, e não fiz conta;
Não quis, sobrando tempo, fazer conta.
Hoje, quero acertar conta, e não há tempo.

Oh, vós, que tendes tempo sem ter conta,
Não gasteis vosso tempo em passatempo.

Cuidai, enquanto é tempo, em vossa conta!
Pois, aqueles que, sem conta, gastam tempo,
Quando o tempo chegar, de prestar conta
Chorarão, como eu, o não ter tempo...

Que o Senhor do tempo o ajude a ser santo quanto ao tempo, em seu tempo.



sábado, 4 de agosto de 2012

Estratégia para a mudança (Tiago 1.19-27)


Por: Pastor Wagner L. Amaral

(Mensagem ministrada na 18ª Conferência de Aniversário da Mocidade Batista Regular Monte Sião - MIBREMS, Manaus-AM, no período de 25 a 27 de novembro de 2011.)



Há uma mudança no caráter e na ação de todo homem salvo, transformando-o em uma pessoa sábia e segura. E Deus estabelece uma estratégia para alcançá-la. Que mudança é esta, e qual é a estratégia divina?

1. Esta mudança é uma aplicação da salvação (21).

a) Implantada em nós, com a Palavra. Algo que foi feito. Não algo inato, mas sim implantado, colocado em nós. A própria Palavra, que traz com ela o necessário para a mudança esperada.

b) Operosa, salvando nossa alma. A mudança completa não ocorre instantaneamente. A Palavra é implantada produzindo salvação, e tornando-se orientadora, assim, a ordem de acolher a Palavra não implica em ser salvo, mas sim o de aceitar seus preceitos como obrigatórios, procurando viver por eles.

2. Esta mudança é realizada de dentro para fora (26).

Tiago usa um termo que não é exclusivamente cristão, religião, que revela reverência e adoração a um deus, ou deuses, sempre apontando para atos externos de adoração; para contrastar com o verdadeiro teste de qualquer confissão religiosa: que é a mudança da alma, do pensamento, da consciência e desejo; expressada pela obediência.

Sem esta mudança toda e qualquer manifestação religiosa é vã, isto é, vazia, inútil e infrutífera. Tanto para a pessoa quanto para as outras com quem convive. O coração não pode ser enganado, pois é nele que se principia a real mudança para salvação. Onde está o teu tesouro aí estará o teu coração.

3. Esta mudança é observada em nossas ações (27).

a) O cuidado para com o próximo. O cuidado pelos órfãos e viúvas é uma ordem no AT como uma forma de imitar o cuidado do próprio Deus com as pessoas.

Órfãos e viúvas são tipos dos que se encontram desamparados no mundo. A ideia de Tiago é que o cristão que professa uma religião pura imitará seu Pai, intervindo para ajudar os desamparados.

b) O cuidado para consigo mesmo (27b). Não pensar e agir em conformidade com a normalidade deste mundo. É uma chamada à moralidade santa. Iniciada no interior e vivenciada no dia-a-dia.


Os primeiros passos da estratégia para esta mudança são: (1) Parar para ouvir (19). Estar pronto para ouvir e considerar o ponto de vista dos outros. Não é bastante ter ouvidos para se ouvir o que é dito. É preciso que se tenha a disposição de ouvir com o coração.  Não simplesmente a inclinação física, mas a disposição de considerar o outro.


(2) Parar de falar (19). Esta qualidade acompanha a qualidade anterior. Parar de falar mal dos outros. Parar de ser o do contra. Parar de ser o questionador, ou o santo; não por algo puro, real e necessário, mas por segundas intenções, como uma inclinação de descontentamento para com o outro. Parar de ser desagregador. Parar de ser chato, de ser ranzinza, de ser desagradável. Parar de ser e de fazer aquilo que leva a si próprio e outros a ira.

(3) Parar de se irar (19-21).

a) Primeiramente, porque nossa ira em nada afeta o julgamento de Deus (20). Permita-me confidenciar algo importante: Deus normalmente não pensa como você! Ah! Não só não pensa; como não age. Deus não julga como você. Ele, acima de nós, vê o todo, a começar pelo coração.

b) A ira indevida é “impureza e acúmulo de maldade” (21). Acúmulo de maldade sugere excesso ou abundância. Alguns entendem que o significado é o de restante da maldade; talvez, por considerarem que a carta trata sobre crentes. Porém, de uma forma ou outra, acentua a variedade e o predomínio do pecado contra o qual os cristãos devem lutar. Como diz Tiago deve despojar, isto é, tirar, se despir; não fazer parte do corpo e da alma.

Tudo isto nos mostra que a mudança, tão aguardada, tem de acontecer primeiramente eu nosso coração. Isto alarga nossa visão e persistência, pois evita que percamos tempo com coisas sem importância; e nos ensina a enxergar o próximo através do seu coração e não da aparência.

Esta mudança nos transforma em pessoas sábias, bem-sucedidas e felizes. O que é alguém bem-sucedido? É alguém que obtém sucesso em seus projetos. É alguém que chega até o fim, e isto de forma positiva, naquilo que inicia. É alguém feliz, é o bem-aventurado.

Esta mudança traz consigo uma conseqüência. Mas, uma conseqüência que está atrelada à estratégia (22). “Tornai-vos, pois, praticantes da palavra e não somente ouvintes”.

Nos vv.19-21 a exortação de Tiago é para “ouvirmos, isto é, fazer aquietar a nossa alma, o nosso eu, e considerarmos ao Senhor, através de Sua Palavra”. Daí as exortações de Cristo de que quem tem ouvidos para ouvir ouça o que o Espírito diz à igreja.

A partir do v.22, Tiago complementa sua exortação mostrando que este “ouvir”, este “considerar” deve ser real, não se limitando a ouvir, mas chegando ao viver, ao praticar. Pois, caso contrário, é terrível enganação: “Tornai-vos, pois, praticantes da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos”. O que implica em desperdício. E isto fica bem próximo do que escrevi em um texto intitulado Rotina de crente:

Você acorda
Você se arruma
Você sai
Você chega na igreja
Você diz (várias vezes): “Oi, tudo bem?”
Você responde: “Tudo bem!” (mesmo que não esteja)

Você sorri, ou pelo menos tenta
Você ora
Você canta
Você lê a Bíblia
Você ouve pessoas e grupos cantando
Você ouve a mensagem
Você acompanha a aula

Você conversa
Você cumprimenta as pessoas
Você vai embora

Você almoça
Você descansa
Você volta para a igreja
Você passa por todo o processo acima alistado, menos acompanhar a aula

Domingo após domingo
Semana após semana

Tem melhorado seu relacionamento com o Senhor?
Tem melhorado seu relacionamento com a família?
Tem melhorado seu relacionamento com os irmãos?

Caso contrário,
Você continuará acordando
Você continuará se arrumando
Saindo
(....)
E para quê?
  
(23-25) Atente para o contraste que Tiago apresenta:

Ouvinte negligente da Palavra
Praticante da palavra que considera
Contempla a si mesmo
Contempla ao Senhor
Esquece do que ouviu
Persevera na pratica do aprendizado
É inoperante
É bem-aventurado

(25) é a mesma, a velha, a antiga, a repetida palavra do Senhor aos seus: Deuteronômio 6.24-25; Josué 1.7-8; Salmo 1.1-3; Provérbios 4.20-27; João 15.7, 10-11.

Feliz, bem-sucedido, sábio, completo, será aquele que viver aquilo que ouve do Senhor. Caso contrário, para quê ouve?  Você ouve?



quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Nosso maior inimigo


Por: Pastor Wagner L. Amaral

(Mensagem ministrada na 18ª Conferência de Aniversário da Mocidade Batista Regular Monte Sião - MIBREMS, Manaus-AM, no período de 25 a 27 de novembro de 2011.)




Conta-se a história de um monge que tinha o hábito de explodir em acessos de fúria e culpar seus companheiros quando as coisas davam errado. Decidiu afastar-se da causa de seus problemas e foi para um mosteiro do deserto, onde praticamente não tinha contato com outros seres humanos.

Certa manhã, após instalar-se em sua nova morada, esbarrou acidentalmente no cântaro de água e lhe derramou o conteúdo. Ficou enfurecido, mas não havia ninguém por perto a quem culpar. Encheu novamente o cântaro. Pouco tempo depois, o mesmo fato se repetiu. Num ímpeto de ira, arremessou o cântaro ao chão, fazendo-o em pedacinhos.

Depois de acalmar-se, começou a refletir e chegou à conclusão de que seu mau humor era problema dele mesmo, e não dos outros.

NOSSO MAIOR INIMIGO
Tiago 4.1-10

Este texto nos mostra o ritmo de vida que leva a uma colisão desastrosa com Deus; que dificulta nossa vida.

Neste texto o Senhor nos chama a atenção - nos puxa a orelha - mostrando a incoerência de nosso viver, quando somos negligentes em nosso proceder; porém clamamos por bênçãos que satisfaçam nossas necessidades.

É como se ele nos dissesse: “Ei, você está indo para o lado errado! Se você continuar nesta direção entrará em choque comigo. É bom você andar comigo e não contra mim”.

Observemos o que Deus nos fala, através de Tiago:

I.  A identificação do problema: O prazer invejoso (1-2):

A. A origem dos problemas (1):

A intenção do autor ao usar a expressão “guerras e contendas” é bem mais abrangente do que normalmente imaginam. Tiago tinha em mente, conforme toda a sua carta, a ideia de qualquer resultado negativo e depreciativo de relacionamentos movidos por desejos carnais. Ele parece estar mais incomodado com o espírito de inveja e amargura.

O que é interessante notar é que estes sentimentos são primeiramente solitários, chegando-se depois aos outros, como consequência de uma turbulência interna. A pessoa invejosa, amargurada, orgulhosa, possui na realidade um problema dentro dela, que é manifestado nos relacionamentos.

Qual é a fonte de tudo isso? A resposta: “os prazeres que militam na vossa carne”. O termo “prazeres” sempre quando usado nas Escrituras traz conotação negativa de prazeres pecaminosos e autoindulgentes. A vanglória, a cobiça, a sede de honra, a rivalidade, a malícia, a voracidade - dentro de nós há prazeres que nos afastam de Deus. E isto nem sempre vem do inimigo.

B. O ritmo imprimido pelos prazeres para alcançarmos nossos objetivos (2):

Se lermos, cuidadosamente, este versículo, perceberemos que ele nos apresenta um processo:

1. “Cobiçais” - e não conseguimos o que cobiçamos;

2. Como consequência, “matais e invejais” - em muitos casos a morte física é o resultado natural deste processo. Mas, Tiago, provavelmente, tem em mente não só este tipo de morte (1 Jo. 3.14-15). E mesmo matando e invejando, nada podemos obter.

3. O passo final, como num momento de desespero, “viveis a lutar e a fazer guerras” - tudo isto porque temos desejos frustrados de querer mais do que temos; de cobiçar aquilo que é dos outros; de nunca nos contentarmos com o que o Senhor nos dá. E a resposta continua a mesma: Nada tendes.

II.  O resultado do problema: A incoerência egoísta (2b-6):

A. “Nada tendes, porque não pedis” (2b):

Seguindo a leitura do texto, temos a cena: vejo Tiago escrevendo: “nada tendes, porque não pedis”, e então nos parece que ele se lembra de alguma coisa e escreve: “Ah! Pedis sim, mas não recebeis” (3). Por quê?

A razão que apresenta é que o pedido é feito de modo errado, com motivos egoístas. O erro não está nas palavras usadas, não está na hora em que se ora, muito menos se o fazemos de joelhos, em pé, assentados, deitados, etc...  mas sim, no que está em nosso coração.

Jesus Cristo havia prometido atender nossas petições (Mt. 7.7ss), mas ele tinha em mente aqueles pedidos que se concentrassem no nome, no reino e na vontade de Deus (Mt. 6.9ss); e não foi por acaso que um pouco adiante em seu sermão do monte ele afirmara (Mt. 6.31-33).

“Pedis e não recebeis, porque pedis mal, para esbanjardes em vossos prazeres”. Isto é, o pedido está distante da vontade do Senhor para nossa vida. O pedido tem a própria pessoa como alvo principal, e não o Senhor, através de seu reino.

B. Tiago comenta sobre a razão porque não somos atendidos:

1. (4) - nossa infidelidade para com Deus. Evidentemente, amizade aqui implica em seguir os padrões desta sociedade corrupta. Ele não está proibindo de vermos TV, de irmos a restaurantes, de assistirmos a partidas de futebol, de nos divertirmos em parques, etc... O problema é quando toda e qualquer uma dessas coisas torna-se prioridade para nós (5).

2. (6) - o texto é bem claro: Deus resiste - não atende, vira o rosto aos soberbos, isto é, aos arrogantes, aos orgulhosos que querem dirigir seus próprios passos, achando que podem deixar Deus de lado.

Mas, em compensação, Deus concede graça - responde, satisfaz, ouve e atende com carinho aos humildes. Aos que O tem em grande estima.

O que Tiago nos ensina até aqui é que os prazeres nos afastam de Deus, levando-nos à incoerência de querer, mas nada dar em troca.

III.  A solução para o problema: humildade (7-10):

A. Verbos que surgem para quebrar o ritmo desastroso que levamos:

1. Resisti ai Diabo, purificai as mãos, limpai o coração.

2. Sujeitai-vos, chegai-vos, afligi-vos, lamentai e chorai, humilhai-vos; tudo isto ao Senhor, para que a Seu tempo, Ele vos exalte.

B. Deus exige de nós uma autenticidade que somente os que possuem o Espírito Santo podem apresentar: “converta-se o vosso riso em pranto, e a vossa alegria em tristeza” (9).

Muitos quando confrontados com seus pecados, com sua vida irregular, com sua tendência de ser amigo de Deus sem deixar de ser amigo do mundo, riem. Brincam para esconder seus pecados e a necessidade de um profundo arrependimento; sorriem para todos, tentando passar a impressão de que estão bem, aliás, nunca estiveram tão bem.

Cuidado com a mão julgadora do Senhor. Jesus Cristo diz em Lucas 6.25: “Ai de vós, os que rides! Porque haveis de lamentar e chorar”.

O único meio de rompermos com o ritmo desastroso é através da sujeição aos desejos do Senhor. Este é o caminho que leva a verdadeira exaltação. Deus exige uma resposta de nossa parte.

Será que você está precisando corrigir o curso de sua vida?

Conclusão:

Numa noite com neblina de grande intensidade, um capitão guiava o seu grande navio pelo mar.

De repente, ele percebe uma luz. Uma luz que se encontrava em seu caminho. Então, enviou uma mensagem, usando também a luz, única forma visível:
- “favor mudar seu curso a 10º graus a ocidente”.

E em seguido recebeu a resposta:
- “mude seu curso a 10º graus a oriente”.

Indignado, o capitão valeu-se de sua posição superior:
- “Sou capitão-de-mar com 35 anos de experiência. Mude seu curso 10º a ocidente”.

A resposta:
- “Sou um marinheiro, 4ª classe. O senhor mude seu curso 10º a oriente”.

Irritado, o capitão enviou uma última resposta:
- “Sou um navio cargueiro de 50 mil toneladas. Mude seu curso 10º a ocidente”.

A resposta:
- “Sou um farol. Mude seu curso 10º a oriente”.

Na vida há coisas certas, onde não há variações. Contra estas coisas não adianta lutar, pois o resultado é sempre o mesmo para toda e qualquer pessoa.

Como o capitão-de-mar, podemos ter necessidade de mudar nosso curso, quando nos defrontamos com a verdade. Deus é a verdade, Ele não muda. Nós, sim, devemos ajustar nossa vida à sua vontade. Quando o fazemos somos bem-sucedidos e felizes. Quando não, torna-se um desastre, e não adianta querer pagar para ver, pois verá, viverá o desastre.

Cristo nos diz em João 8.32: “A verdade vos libertará”. Quer ser livre? É só seguir a verdade.